A maioria das pessoas esquece que para ter uma gravidez tranquila e saudável é preciso tomar alguns cuidados, principalmente em relação à fertilidade. As escolas que oferecem aulas de educação sexual não abordam o aspecto da fertilidade. Com isso, as jovens chegam à idade adulta com poucas informações sobre o assunto e muitas não sabem sequer o que acontece com o próprio corpo. Mas a capacidade reprodutiva tem a sua própria dinâmica e os níveis de fertilidade e chances de gravidez variam de acordo com cada faixa etária. “É recomendado que todas as mulheres jovens façam uma avaliação de sua reserva ovariana. Esse rastreio pode significar a diferença entre conseguir engravidar futuramente com óvulos próprios e não doados”, explica o Dr. Roberto de Azevedo Antunes , da clínica Fertipraxis de Reprodução Humana. PUBLICIDADE Chances de gravidez e riscos na gestação por idade: 20 anos+ – A partir dos 20 e poucos anos, a qualidade dos óvulos já começa a ser decrescente. 25 aos 29 anos – Nessa fase da vida da mulher, as chances são grandes dela ter uma gestação com baixos riscos de complicações na gravidez e no pós-parto. 29 aos 35 anos – Nessa faixa de idade, a qualidade dos óvulos ainda é considerada boa e as chances de gravidez ainda são consistentes. 35 anos+ – A partir dessa idade, as dificuldades de engravidar ficam maiores a cada ano e engravidar após os 40 aumenta e muito o risco de complicações. Nessa idade, dificilmente a mulher consegue engravidar sem o auxílio médico, seja por medicamento, seja por meio da fertilização in vitro, por exemplo. 48-49 anos – Mulheres nessa faixa que ainda menstruam, de forma irregular, acreditam que podem engravidar sem grandes problemas, o que não é verdade, pois já estão na pré-menopausa. Mas a menstruação normal não significa que a ovulação esteja dentro dos padrões desejáveis. “Para saber se um embrião gerado por uma mulher com mais de 40 anos tem qualidade, existe o diagnóstico genético pré-implantacional para identificar se ele é cromossomicamente saudável. Se for, as chances de gravidez são quase as mesmas em relação a uma mulher mais nova”, afirma o Dr. Roberto. Tanto mulheres quanto homens são impactados pelo envelhecimento no que se refere à fertilidade, embora o sexo feminino seja mais afetado. “Muito estresse em relação à qualidade dos óvulos poderia ser evitado caso as mulheres se precavessem e congelassem seus óvulos antes dos 35 anos, sem contar a prática de hábitos e alimentação saudáveis que favorecem o sucesso da fertilização posteriormente”, explica o Dr. Marcelo Marinho de Souza, também especialista em Reprodução Humana. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) as principais causas da infertilidade feminina são a endometriose, as aderências pélvicas e os distúrbios ovulatórios, entre outras. Falando especificamente, Distúrbios Ovulatórios são problemas que podem ocorrer pela baixa frequência de ovulações, conduzindo a quadros desde aumento do intervalo até a ausência completa de menstruação. A ginecologista e também especialista em reprodução humana da clínica Fertipraxis, Dra. Maria do Carmo Borges de Souza, responde a seguir cinco dúvidas comuns dos pacientes sobre questões relacionadas à fertilidade feminina: Quais são os sintomas que indicam os distúrbios ovulatórios? -Geralmente existe uma secreção clara e que forma como um fio na época da ovulação ( o muco cervical), o intervalo das menstruações pode mudar, os ciclos ficam mais curtos ou mais alongados, e o fluxo menstrual muda em quantidade e sintomas. É importante também ressaltar que estes distúrbios são comuns nos 2 primeiros anos após a primeira menstruação de uma menina, fazendo parte natural do amadurecimento hormonal de seu organismo, e vão novamente ser frequentes nos anos próximos à última menstruação, que é a menopausa. Claro que a conduta médica difere na abordagem de uma adolescente jovem e da mulher que deseja gestar. O que é a reserva ovariana e porque ela é importante para a fertilidade feminina? -A reserva ovariana é a quantidade de óvulos que uma mulher tem em um dado momento da vida. Diferente do homem, que renova a sua espermatogênese a cada 90 dias, a mulher tem em torno de 1 a 2 milhões de óvulos no nascimento e que vão diminuindo ao longo da vida. Na época da puberdade, os óvulos já reduziram para em torno de 300 à 400 mil e destes, em torno de 300 chegam espontaneamente à ovulação ao longo dos anos reprodutivos. A partir de 35 anos a aceleração das perdas se acentua a cada mês. É avaliação da reserva ovariana que vai ajudar o médico a definir as estratégias de um tratamento para engravidar e evitar que se perca a oportunidade do melhor tempo biológico para uma gravidez. Quanto maior a idade da mulher, maior a chance dos óvulos (que tem a sua idade), contribuírem para alterações da formação dos embriões, que podem diminuir a chance de levar adiante uma gravidez ou de ter um bebê saudável. A indução da ovulação é uma opção para os casais? -A indução se faz necessária quando a ovulação não ocorre. Assim, ao mesmo tempo que se marca a ovulação, se programa com o casal os melhores momentos para a relação. É a chamada “relação programada” ou “relação em casa”. A indução da ovulação pode também definir o melhor momento para uma inseminação intrauterina e faz parte de todos os preparos para a fertilização in vitro. Neste último caso, a estratégia é obter vários folículos dominantes, para se ter vários óvulos maduros pré-ovulação. A partir da aspiração dos óvulos se vai buscar a formação de embriões para serem colocados posteriormente de volta no organismo, ou seja, no útero da mulher. https://exame.abril.com.br/negocios/dino/dia-das-maes-a-fertilidade-em-cada-etapa-da-vida/