Para especialistas em reprodução humana, a dor é o principal ponto de interesse no tratamento da endometriose. Isso porque as pacientes portadoras da doença convivem com desconforto intenso e constante. Cólica extrema antes e durante a menstruação; dor para evacuar e urinar; dores abdominais, na região pélvica e durante as relações sexuais são alguns dos sintomas.

Esse desconforto causado pela endometriose interfere na vida da paciente, provocando baixo rendimento profissional ou ausência ao trabalho (atividades escolares e de lazer também são deixadas de lado), dificuldades na vida conjugal e familiar associadas aos sintomas físicos e emocionais da doença. Todos esses fatores comprometem a qualidade de vida das mulheres.

A endometriose também está associada à infertilidade. Estudos revelam que as portadoras têm uma taxa de fecundidade (chance de engravidar por mês de exposição) bem menor do que as mulheres sem endometriose. Inclusive, cerca de 40% das mulheres com infertilidade têm a doença. Isso demonstra que quanto maior o grau da doença, maior a chance da mulher ser infértil.

Como as dores sentidas durante as relações sexuais e a infertilidade afetam diretamente a sexualidade das pacientes com endometriose, especialistas acreditam que a relação entre endometriose e sexualidade deve ser uma das prioridades no tratamento da doença. Por isso, é necessário que se faça a avaliação da sexualidade das portadoras de endometriose no Brasil.

Desde 2001, quando o questionário Endometriosis Health Profile (EHP-30) foi traduzido e validado para o português, os médicos passaram a dar mais atenção à sexualidade das mulheres. O EHP-30 possui questões como “nas últimas quatro semanas sentir dor durante ou depois das relações sexuais?” e “sentiu-se preocupada em ter relações sexuais devido à sensação de dor?”.

A porcentagem de pacientes portadoras de endometriose com alguma disfunção sexual é relevante, embora o diagnóstico não seja feito a partir disso, pois ainda hoje não há, geralmente, preocupação de se fazer a avaliação da sexualidade da mulher. Os tratamentos clínico e cirúrgico da endometriose apresentam melhora em vários sintomas (lubrificação, libido, orgasmo e dor).