Evento reúne 22 cidades brasileiras para lutar pelo diagnóstico precoce, tratamento completo e gratuito e por políticas públicas efetivas voltadas para ações de prevenção, educação e orientação de mulheres
O mês de março é lembrado pelo Dia Internacional da Mulher e pela realização de ações de conscientização sobre uma doença que afeta milhões delas no mundo inteiro: a endometriose. A campanha Março Amarelo visa levar informação e conscientização sobre esta que representa 1/3 das doenças ginecológicas a atingirem mulheres em idade fértil – ou seja, dos 15 aos 49 anos. Com o objetivo de colaborar com a conscientização tanto da sociedade civil quanto dos médicos sobre a doença e tirar dúvidas, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) apoia a 7ª edição da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose – EndoMarcha 2020, que será realizada no dia 28 de março, em cerca de 75 países.
No Brasil, o evento é organizado por Caroline Salazar, jornalista e autora do blog A Endometriose e Eu. Neste ano, a iniciativa acontecerá em 22 cidades de norte a sul do país: Belém, Belo Horizonte, Boa Vista, Brasília, Baixada Santista, Campo Grande, Curitiba, Goiânia, Feira de Santana, Florianópolis, Fortaleza, Leme, Londrina, Manaus, Maringá, Salvador, São Luís, São Paulo, Sorocaba, Recife, Rio de Janeiro e Uberlândia. A concentração está marcada para às 9 h (horário de Brasília), com início previsto da caminhada às 10h em todas as regiões. Para participar do evento, as interessadas devem realizar seu cadastro gratuitamente aqui.
Além de reivindicar o acesso gratuito ao tratamento adequado da endometriose pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o papel da EndoMarcha também é de conscientizar a sociedade sobre essa doença. “Em todas as cidades haverá médicos, membros da SBRA, especialistas em reprodução assistida para tirar dúvidas sobre os tratamentos de fertilidade em mulheres diagnosticadas com endometriose”, afirma a presidente da SBRA, Hitomi Nakagawa.
Endometriose – De acordo com Roberto Antunes, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro, técnicas de reprodução assistida aumentam as chances de realizar o sonho da maternidade porque proporcionam expressivos ganhos no que concerne à correção dos fatores que interferem na fertilidade. Esse tipo de tratamento deve ser escolhido conforme a idade da paciente, seu histórico familiar, tempo de infertilidade, o grau da doença e as condições tubárias e dos espermatozoides.
“O diagnóstico precoce é a principal arma para evitar o avanço da doença, que atinge cerca de 10% das mulheres. As pacientes com endometriose apresentam dor pélvica progressiva e infertilidade como principais sintomas. Essa última pode ocorrer quando as trompas ou ovários são afetados diretamente e, além disso, a implantação dos embriões fica prejudicada pelo aumento da atividade inflamatória que ocorre no próprio útero. Muitas vezes, elas acabam por ter que realizar uma fertilização in vitro (FIV) para tentar concretizar o sonho de ser mãe. A demora para se determinar o diagnóstico correto e instituir um tratamento adequado piora muito o prognóstico reprodutivo dessas pacientes”, destaca Antunes.
Saiba mais sobre como a reprodução assistida pode ajudar mulheres com diagnóstico de endometriose clicando aqui.
Conquistas – Além da conscientização tanto da sociedade civil quanto dos médicos, outro grande objetivo da Marcha é fazer a interface com a classe política para o reconhecimento da endometriose como doença social, permitindo que haja políticas públicas voltadas às pacientes usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), assim como tratamento digno e eficaz para melhorar a saúde e a qualidade de vida daquelas com acesso a convênios de saúde. “A marcha é o único evento legítimo mundial de reivindicação pelos nossos direitos, pelo diagnóstico precoce e pelo reconhecimento da endometriose como doença social, com a criação de políticas públicas para que haja tratamento completo pelo SUS em pelo menos todas as capitais do país”, afirma Caroline Salazar.
Nesta edição, a iniciativa celebra um grande avanço para as mulheres diagnosticadas com endometriose no Brasil. No início do mês de fevereiro, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a criação do Dia Nacional da Luta contra a Endometriose, a ser comemorado no dia 13 de março, e da Semana Nacional de Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose. O dia escolhido é em homenagem à 1ª edição da EndoMarcha no Brasil e no mundo: 13 de março de 2014.
O texto, com o objetivo de incentivar ações de prevenção, educação e orientação de mulheres, agora será apreciado pelo Senado Federal. A expectativa dos parlamentares é de que, com o reconhecimento da doença, a partir da aprovação desse projeto de lei, surjam alternativas para a realização de um tratamento efetivo e de qualidade para as mulheres que precisam do SUS.
Novidades desta edição – Outra novidade é o lançamento do pin exclusivo da EndoMarcha, elaborado por Caroline Salazar e a designer Monica Martins. “A fita amarela ganhou asas de borboletas, que representam a transformação, a possibilidade de cura e de uma vida sem dores”, explica a jornalista e ativista.
A endometriose é uma doença caracterizada pela presença de um tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina. Os sintomas podem incluir cólicas fortes, inclusive fora do período menstrual, dor durante e após as relações sexuais (dispareunia), fadiga/ cansaço extremos, inchaço abdominal, dor e/ou sangue nas fezes e na urina. Estima-se que 200 milhões de meninas e mulheres sejam atingidas pela endometriose em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é que esse número seja superior a 6 milhões de portadoras. “Um dado alarmante é que uma em cada 10 mulheres tem a doença. E esses números podem ser muito maiores”, ressalta Caroline.