Agência estabeleceu novas diretrizes para o atendimento. Casos devem ser individualizados
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orientou na última sexta-feira, dia 03, que sejam adiados os tratamentos de reprodução humana até que a crise em saúde relacionada ao novo coronavírus esteja controlada. A recomendação é em apoio às determinações da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) em conjunto com a Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida (REDLARA), e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).
Os momentos, entretanto, estão sendo modificados de acordo com os boletins epidemiológicos. Para a SBRA, os ciclos que já estavam em andamento até o último dia 20 de março deveriam ser finalizados, com controle estrito do paciente e equipe envolvida, além de medidas extra de higiene seguindo os protocolos de preveção e segurança nos locais de atendimento. De acordo com a entidade, naquela ocasião a suspensão de novos procedimentos eletivos evitou essa exposição aos riscos, pois “os diferentes governos e entidades científicas estão se concentrando no isolamento, no “ficar em casa”, na redução drástica da mobilidade no sentido de mitigar os danos. Devemos acatar e estimular essa adesão”, destaca a presidente da SBRA, Hitomi Nakagawa.
A SBRA e REDLARA ressaltam que os profissionais de reprodução assistida adotaram medidas extras de prevenção e controle, adequadas ao novo momento que fala por si. “Nós orientamos que todos os profissionais procurem manter um contato remoto com os pacientes, informando, acolhendo, amparando, protegendo e limitando no possível os danos psicológicos deste adiamento”, orienta a presidente da REDLARA, Maria do Carmo Borges, diretora da clínica Fertipraxis.
De acordo com todas as entidades internacionais de reprodução, além das já citadas REDLARA e SBRA, e também no Brasil a SBRH, casos individuais devem ser discutidos com o médico, uma vez que existem situações especiais onde adiar o tratamento de infertilidade representa prejuízo nas chances futuras de gestação. Em casos específicos, como os oncológicos, por exemplo, onde a realização do procedimento deve ser avaliada conforme risco x benefício e combinada de acordo com a indicação médica.
Todos seguem acompanhando de perto as informações divulgadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde e comunidade científica internacional para continuar orientando os profissionais da área, seus pacientes e toda a sociedade. Com o passar dos dias e o avanço nas pesquisas e nos dados de cada região ou cidade, será possível obter mais informações e adequar as orientações conforme cada caso.
Gravidez em andamento – Apesar das pesquisas realizadas até o momento tranquilizarem as gestantes quanto aos efeitos da Covid-19 na gestação, o momento é de cautela também para as futuras mamães. De acordo com levantamentos realizados em outros países como China e Itália sobre o novo coronavírus, não existem evidências de efeitos negativos do vírus na gravidez. Segundo Dr. Roberto Antunes, médico especialista em fertilização, diretor da clínica Fertipraxis e da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), é importante observar que não há motivos de maiores preocupações para as mulheres já grávidas, pois não existe registro de danos da Covid-19 específicos, ou de transmissão vertical da mãe para o filho “No entanto, pela maior incidência de complicações por infecções respiratórias, mulheres grávidas devem redobrar a atenção e seguir as orientações de isolamento e higiene”, pondera ele, principalmente se estas futuras mamães estiverem em algum grupo de risco que inclui doenças como diabetes, hipertensão ou alguma condição prévia importante.
Mesmo que ainda não exista conhecimento específico sobre o assunto para a elaboração de protocolos assistenciais, a Febrasgo divulgou orientações quanto às precauções com as gestantes no Brasil. De acordo com o comunicado, até o momento, o cuidado pré-natal e obstétrico projetado para os casos de Covid-19 no país é baseado no conhecimento referente ao H1N1, considerando suas diferenças. Para o Dr. Marcelo Marinho, especialista e diretor clínico da Fertipraxis, com título pelas Rede Latino Americana de Reprodução Humana (REDLARA) e Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), “Gestantes possuem uma tendência maior a desenvolver complicações respiratórias e hematológicas, se for uma gravidez a partir de reprodução assistida, então recomendamos o congelamento dos embriões para uma futura transferência no momento em que a pandemia esteja sob controle e o risco de infecção tenha diminuído consideravelmente”, finaliza o médico.