Mais da metade da população brasileira jovem, de 16 a 25 anos, está infectada com o vírus que pode causar câncer de colo de útero e outros tipos de tumores.
HPV é a sigla que define um vírus sexualmente transmissível, sendo a IST mais comum no mundo. O nome vem de Human Papilloma Virus (ou papiloma vírus humano, em português). Esse vírus é capaz de infectar a pele ou as mucosas, que são os tecidos de revestimento, tendo mais de 150 tipos geneticamente identificados – definindo uma infecção leve como uma simples verruga ou um problema de consequência mais grave, como um câncer.
Os tipos
De acordo com a ginecologista Maria do Carmo Borges de Souza, obstetra e especialista em reprodução humana, os tipos 1 e 2 infectam a pele causando o que conhecemos como verrugas, muitas vezes atingindo as mãos, pés ou rosto e podem passar de um lugar para outro do corpo através do contato, assim como de pessoa para pessoa. Os tipos 6 e 11, bem frequentes em mulheres, representam 90% dos casos das verrugas nas regiões genitais de ambos os sexos, chamadas de condilomas acuminados. Os tipos mais graves são os de número 16, 18, 31 e 45, considerados de risco para câncer de vulva, pênis, ânus, pescoço, cabeça e colo do útero. O câncer de colo do útero, por exemplo, em mais de 95% dos casos possui relação com o HPV. Segundo a ginecologista Patrícia Varella, parceira da Vagisil, há pacientes que apresentam sintomas como dor, ardor, prurido ou desconforto por conta dessas lesões. As que ficam no canal da vagina ou no colo do útero podem causar corrimento vaginal. Já nos homens, o HPV muitas vezes é assintomático e aparece como verrugas na glande, no sulco bálano prepucial e na região perianal. “Algumas outras vezes as lesões não são visíveis e somente são percebidas na peniscopia, exame realizado por urologista em que se usam reagentes diluídos e se amplia com maiores detalhes toda a pele do corpo do pênis e da mucosa da glande”, afirma a Patrícia.
Diagnóstico
A maioria das infecções, além de não apresentarem sintomas, são transitórias e podem desaparecer espontaneamente. Há também a possibilidade do vírus ficar latente no organismo ou passar despercebido por lesões que seriam vistas apenas ao microscópio. “Dessa forma, quando existe a presença de verrugas, o diagnóstico é visível e encaminhado para exame clínico. Quando as lesões são microscópicas, o diagnóstico se faz por exame laboratorial como o preventivo ginecológico nas mulheres, como a colposcopia”, diz a Maria do Carmo.
Patrícia também ressalta a importância do conhecido exame Papanicolau: “Em análise do exame de preventivo de colpocitologia oncológica (líquida ou em lâmina), mais conhecido como o Papanicolau, é possível verificar a presença de alterações sugestivas de lesões de HPV, confirmadas ou não por uma análise mais detalhada ainda que seria a captura híbrida”.
Transmissão
A transmissão do HPV é de forma direta, ou seja, do contato nas relações sexuais com a pele ou a mucosa onde está o vírus, mesmo sem penetração: oral-genital, manual-genital, genital-genital e anal-genital. Patrícia Varella esclarece que o contato através de roupas íntimas, toalhas, sabonetes e qualquer outro objeto não acontece. “O vírus não sobrevive muito tempo fora da região genital e o contágio pressupões contato sexual pele a pele. Embora não recomendável, sentar-se no vaso sanitário de um banheiro público, por exemplo, pode transmitir outras doenças, mas não HPV”.
Existem raros casos onde a transmissão pode ser de mãe para bebe durante a gestação. É o que se chama de transmissão vertical. Quando uma mãe é portadora do vírus, a situação deve ser avaliada caso a caso, já que não é um fator determinante para uma cesariana, por exemplo.
Prevenção
Segundo um estudo divulgado em novembro de 2017 feito pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre, mais da metade da população brasileira jovem, de 16 a 25 anos, está infectada com o HPV. Por isso, a importância de usar preservativo nas relações sexuais — masculino ou feminino.
A indicação da vacina contra HPV (quadrivalente) também é muito importante. Ela protege contra quatro tipos desses vírus, responsáveis por 90% das verrugas genitais e 70% dos canceres de colo do útero. “O SUS oferece essa vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, em duas doses. Há eficácia da vacinação em mulheres até 45 anos, mas a vacina não é um tratamento, e sim prevenção Elas são seguras e bem toleradas, merecem a atenção dos pais para inclui-las no calendário de seus filhos”, alerta Maria do Carmo.
Outra forma de prevenção é que toda mulher com vida sexual ativa faça uma avaliação ginecológica e o exame Papanicolau por ano. Vale lembrar que uma eventual lesão de HPV não tratada pode virar câncer de colo do útero após 3 a 5 anos de contaminação.
Tratamento
No caso dos HPVs diagnosticados, na maioria das vezes o indivíduo assintomático é apenas acompanhado. A tendência é completo desaparecimento de alteração nos exames em períodos de 6 meses a 2 anos. A escolha do melhor tratamento pode depender do tamanho, número, formato e localização das lesões e varia de aplicação de ácido em alta concentração sobre as verrugas em vulva e canal vaginal a outros possíveis métodos físicos através de crioterapia, remoção cirúrgica e eletrocirúrgica ou laser.
“Após o tratamento, sugere-se controle através de colpocitologia oncológica a cada 6 meses por pelo menos 2 anos. Em casos em que seja viável a realização de captura híbrida em paciente tratada pelo HPV, ela pode ser considerada curada após um ano da negativação da pesquisa desse vírus”, finaliza Patrícia.
FONTE
Dossiê do HPV: transmissão, sintomas e como se prevenir …
cosmopolitan.abril.com.br