O gradativo aumento da exposição humana a produtos químicos tóxicos nas últimas quatro décadas está ameaçando a reprodução humana e a saúde da população mundial. O alerta foi dado pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), em artigo publicado no International Journal of Gynecology and Obstetrics, em 1º de outubro de 2015.
O artigo da FIGO destaca que aborto espontâneo, morte fetal, deterioração do crescimento fetal, malformações congênitas, alteração ou redução do desenvolvimento neural e da função cognitiva, aumento de câncer, déficits de atenção, hiperatividade e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) são alguns dos efeitos na saúde reprodutiva associados à exposição de produtos químicos tóxicos, como pesticidas, poluentes do ar, plásticos, solventes, entre outros.
“Nós estamos afogando nosso mundo em produtos químicos não testados e inseguros, e o preço que estamos pagando, em termos de nossa saúde reprodutiva, é de grande preocupação”, afirma Gian Carlo Di Renzo, MD, PhD, secretário honorário da FIGO e principal autor do artigo. Apenas nos Estados Unidos, mais de 13 toneladas de produtos químicos tóxicos por pessoa são fabricados ou importados – e grande parte não passou por testes.
Segundo o artigo da FIGO, a exposição a produtos químicos tóxicos custa bilhões de dólares à saúde e leva milhões à morte. Nos Estados Unidos, o custo das doenças infantis relacionadas a toxinas ambientais e poluentes do ar, em alimentos, na água e no solo foi calculado em 76 bilhões de dólares, em 2008. E a cada ano, 4 milhões de pessoas morrem devido à exposição a poluentes do ar interior e exterior.
“Dado o acúmulo de evidências de impactos adversos à saúde relacionados a substâncias químicas tóxicas, incluindo o potencial para provocar danos intergeracionais, a FIGO sabiamente propôs uma série de recomendações que os profissionais de saúde podem adotar para reduzir a carga de produtos químicos perigosos em pacientes e comunidades”, disse o presidente da FIGO, Sabaratnam Arulkumaran. Entre as recomendações, a FIGO propõe que médicos, enfermeiras, parteiras e outros profissionais de saúde reprodutiva defendam políticas para prevenir a exposição a produtos químicos tóxicos ambientais, trabalhem para assegurar um sistema alimentar saudável para todos, façam parte dos cuidados sobre saúde ambiental e colaborem para a justiça ambiental.
Fonte: FIGO no International Journal of Gynecology and Obstetrics