Clínica do Rio de Janeiro projeta recorde no número de atendimentos até o final de 2021

O 13º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões(SisEmbrio), levantamento do setor produzido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) produzido para o ano de 2019, confirmava uma tendência que vinha se desenhando nos últimos anos. Questionamento interessante é o de como está se passando este atendimento com a crise causada pelo corona vírus.

Os dados do ano de 2020 ainda não estão disponíveis mas temos vários indicadores. Claro que nos meses iniciais de 2020, face à rápida disseminação da pandemia, praticamente este tipo de assistência parou, no mundo inteiro. A Medicina Reprodutiva é uma área em constante avanço e, especialmente nas últimas décadas, pode-se observar notáveis aperfeiçoamentos em seus procedimentos. Mas, havia que se entender se esta nova virose teria consequências diretas para os bebês, assim como as questões surgidas em nosso país com o Zika vírus.

Os tratamentos de fertilização estão cada vez mais tecnológicos, o que não impede um atendimento mais humanizado e mais individualizado. Desta forma, os casos oncológicos que necessitavam coleta de óvulos ou espermatozoides foram os primeiros atendimentos realizados, assim como se seguiu a uma cuidadosa atenção aos casos onde a idade da mulher estivesse acima de 38 anos.

A partir daí, com os atendimentos retornando, embora sempre com a atenção aos questionários de consulta segura, cuidados de barreira e cuidados nos atendimentos, houve uma dúvida de como seria este retorno, talvez como citado por um colega espanhol, se não teríamos “um efeito rolha”, ou seja , uma volta aumentada, sob a pressão do tempo de espera.

Os avanços que podemos constatar hoje nos tratamentos de fertilização se devem às “informações científicas e aos desenvolvimentos contínuos, que são introduzidos de modo rápido em todas as partes do mundo”. Na pandemia, rapidamente o modelo de troca de informações on-line em nossa área de atuação se estabeleceu, mediados muitas vezes pelas sociedades específicas como a REDLARA (Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida) e a SBRA ( Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida).

Dados evidenciam o aumento

Os dados da clínica Fertipraxis são um exemplo do atual cenário e mostram um aumento na procura e na realização de procedimentos de reprodução assistida, que vem ocorrendo desde 2015. De acordo com os números, há uma curva ascendente que, mesmo em anos com acontecimentos críticos, como em 2016, ano dos sérios problemas do ZiKa vírus, e 2017, ano do baque da crise econômica, quando a clínica manteve o ritmo de atendimentos.

Em 2018, por exemplo, foram 463 ciclos realizados, crescimento significativo se comparado a 2015, em que 398 procedimentos foram feitos. Já em 2019, os números saltaram para 508. Em 2020, ano de chegada da Covid-19, a clínica funcionou durante metade do ano e atendeu a 387 casos, mantendo cuidados extremos de distanciamento de horários de atendimentos e demais cuidados já citados. Estaríamos assistindo a expressão do “efeito rolha”?

Parece que não, nosso atendimento parece estar sendo uniforme ao que se observa em todo o mundo. A pandemia , ao manter as pessoas em suas casas, com grandes limitações e temores, por vezes assistindo à finitude de parentes, amigos, colegas de trabalho, levou a uma grande reflexão sobre valores de vida. Assim, de janeiro a julho deste ano, 2021, os profissionais da Fertipraxis fizeram 360 ciclos. Ou seja, em apenas seis meses, foram atendidos quase o mesmo número de casos que no ano inteiro de 2015. A expectativa é de que 2021 supere todos os outros anos anteriores, mantendo-se cuidados, mas com todos os profissionais vacinados e boa parte dos pacientes também.

Um pouco da história…

Se voltarmos algumas décadas, em meados dos anos 90, por exemplo, o mundo ainda dava os primeiros passos na direção da revolução tecnológica, que iria transformar de vez as relações sociais em todo o planeta e alcançar avanços, até então, distantes nas mais diferentes áreas do conhecimento, inclusive na reprodução assistida.

No Rio de Janeiro, um grupo de médicos da Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro foi fundamental para tornar realidade a ideia de construir um Centro Médico pioneiro, que integrasse atendimento especializado com as mais avançadas novidades tecnológicas. Tempos depois, o Centro inicial deu lugar à Fertipraxis, agora nítidamente focado nas questões reprodutivas.

Nesse cenário, o objetivo final buscado, ou seja, a chegada de um bebê, depende de inúmeras circunstâncias, iniciadas com a expressão do simples desejo de “ queremos um filho”. Para que as possibilidades oferecidas pelas técnicas existentes possam ser aplicadas e cheguem às pessoas, é preciso vencer alguns desafios que envolvem diversos aspectos sociais, econômicos e culturais.

Tratamentos oferecidos na Fertipraxis

Inseminação Artificial

É uma técnica ou procedimento denominado de baixa complexidade. Para ser indicada, necessita da presença de, pelo menos, uma das trompas permeáveis e que o homem tenha sêmen com pelo menos 5 milhões de espermatozóides de boa mobilidade. Os ovários são estimulados e acompanhados por ultrassonografia até o momento próximo da ovulação. A partir daí, uma medicação subcutânea marca exatamente o momento da ovulação, que define um período fértil e uma janela de tempo para a introdução dos espermatozóides.

FIV — Fertilização In Vitro

Método de reprodução humana assistida classificado entre as técnicas chamadas de alta complexidade. O encontro dos óvulos e espermatozóides, fecundação, que normalmente acontece na trompa, vai ocorrer no laboratório.

O tratamento envolve o estímulo hormonal do processo ovulatório, acompanhamento de ultrassonografias transvaginais e a coleta dos óvulos sob uma sedação. Os espermatozóides passam por um processo de seleção e promove-se o seu encontro com os óvulos para a formação e o desenvolvimento dos embriões.

ICSI — Injeção intracitoplasmática de espermatozoides

Técnica de fertilização também de alta complexidade, além do preparo hormonal dos ovários, segue-se um processamento das amostras de sêmen para escolha de um espermatozóide a ser injetado diretamente dentro de cada óvulo. Esta técnica é a melhor opção principalmente para os casos onde os fatores masculinos são muito importantes em relação ao número e motilidade dos espermatozoides.

Indução de ovulação

É uma das possibilidades para mulheres sem uma causa aparente para a não-gravidez. A capacidade de induzir ovulações em pacientes anovulatórias foi um dos primeiros e mais importantes passos da endocrinologia reprodutiva.

Transferência de Embriões

Em ambas as condições possíveis, à fresco ou por congelamento, o número de embriões a transferir segue, hoje, além dos dados gerais do Conselho Federal de Medicina, uma avaliação precisa do desenvolvimento embrionário. A transferência de embriões com maior tempo de observação nas culturas no laboratório, denominados de blastocistos, é o objetivo de referência.

Doação de óvulos

A FIV com óvulos de uma mulher jovem é o procedimento indicado quando não há mais condições para uma mulher utilizar os próprios. Nesta situação, recorremos a um banco de óvulos.

Congelamento de óvulos

É feito por uma estimulação dos ovários por período de 8 a 10 dias, com o uso de medicações de uso subcutâneo, que tem por objetivo fazer com que haja um bom aproveitamento de folículos designados pela natureza para aquele ciclo de tratamento. Ao invés de um folículo que cresce no ciclo natural, assume a dominância do processo e chega sozinho no momento da ovulação, queremos vários crescendo, vários dominantes.

Congelamento de sêmen (espermatozóides)

Além das indicações nos casos de câncer, são também frequentes prévias à um tratamento quando o homem não poderia estar presente no dia da coleta dos óvulos, quando de condições em que a contagem dos espermatozóides vem caindo, na presença de doenças benignas ou até mesmo previamente a uma vasectomia, quando ele deseja deixar uma possibilidade de mudança de ideia.