Quem explica pra gente cada etapa dessa fase é o nosso colunista, o Dr. Marcelo Marinho, obstetra e especialista em Reprodução Humana.

DESENVOLVIMENTO GESTACIONAL
Desde a fecundação e implantação do embrião no interior do útero, diversas alterações ocorrem no organismo materno, em decorrência do desenvolvimento do novo ser inicialmente chamado de embrião e depois de feto. Didaticamente, podemos dividir esse conjunto de fenômenos em 3 etapas principais. Que são os 3 trimestres da gestação.

Os 5 primeiros dias após a fertilização, ainda na trompa uterina, se completam com o embrião atingindo o estágio de blastocisto. Para ser capaz de implantar-se no interior da cavidade uterina, o endométrio. Uma vez que isso ocorra, os tecidos ainda indiferenciados, começam um processo longo de diferenciação nos diversos tecidos e órgãos até que, ao final do 1º trimestre, sejam formados, por exemplo, a cabeça, tronco e membros já identificáveis. Já é possível identificar a cartilagem do esqueleto fetal, o Sistema Nervoso inicial, a placa neural, que originará o Sistema Nervoso Central e Periférico, o broto pulmonar, que se dividirá em 2 brotos brônquicos e sofrerão divisões sucessivas até a formação do segmento bronco-pulmonar.

O Sistema Cardiovascular é um dos primeiros a se formar e o 1º a tornar-se funcional. Com atividade cardíaca já em torno de 6 semanas completas de gestação. Ao final do 1º trimestre, o feto já atinge tamanho aproximado de 4 a 6 cm. Considerando-se aspectos relativos, proporcionais, é o 1º trimestre onde o embrião/feto mais cresce, passando de um conjunto de células microscópicas quando da fertilização até medir 4 a 6 cm ao final de 12 semanas.

O 2º trimestre é marcado por importante crescimento fetal e de todos os seus segmentos. Ou seja, cabeça, tronco e membros, da mesma forma da massa placentária e do volume de líquido amniótico. Este último cresce lentamente, passando de algo em torno de 30 a 40 ml, com 10 semanas, até 700 a 1000 ml, com 37 semanas. Todo esse processo de crescimento fetal continua até o final da gravidez, por todo o 3º trimestre, ganhando riqueza de detalhes e aprimoramento das várias funções. Com relação ao peso placentário e fetal durante o 2º e 3º trimestres, considera-se que a placenta tenha um ganho de peso de 50 a 600 gramas e o feto de 30 a 3.500 gramas.

Da mesma forma, o organismo materno também sofre diversas alterações como forma de adaptação no transcorrer da gravidez. No seu conjunto, são alterações bioquímicas, hormonais e anatômicas, nos sistemas genital, articular, hemodinâmico, respiratório, hematológico, renais, gastrointestinais, metabólico, endócrino e osteoarticular. Dentre elas, podemos citar: • Grande crescimento uterino, que aumenta sua capacidade volumétrica em cerca de 600 a 1000 vezes.

• As mamas tornam-se maiores e mais sensíveis, dolorosas às vezes. Já sendo percebido à partir de 6-7 semanas. Após os primeiros meses de gravidez, pode-se observar a formação de colostro em pequenas quantidades.

• O sistema cardiovascular fica mais sobrecarregado na gravidez, com o que chamamos de síndrome hipercinética, com o aumento do débito cardíaco até 20 a 24 semanas, a partir de quando se mantem relativamente estável até o final da gestação. Portanto, a frequência aumenta, espera-se redução da pressão arterial, crescimento do volume sanguíneo, do peso materno e do metabolismo. No 2º trimestre, a pressão arterial diminui, retomando seus valores iniciais próximo do fim da gravidez.

• A função pulmonar sofre importantes alterações para suprir as demandas crescentes de oxigênio tanto da mãe como do feto. Essas alterações decorrem tanto de fenômenos mecânicos, causados pelo aumento crescente do volume uterino, o que torna o trabalho dos músculos envolvidos na respiração mais intenso, como também de desequilíbrios hormonais. Por exemplo da progesterona, corticoides e estrogênios.

• Alterações do sistema osteoarticular ocorrem pelo relaxamento dos seus ligamentos por causa da embebição gravídica. Fenômeno observado principalmente nas articulações da pelve. O aumento de peso desestabiliza a capacidade de equilíbrio materno, deslocando seu centro de gravidade para frente, alterando nitidamente sua postura.

• Outras modificações no corpo materno incluem: alterações cutâneas, nos órgãos do sentido, endócrinas, metabolismo eletrolítico, gastrointestinal, entre outros.

Assim, a evolução e o desenvolvimento gestacional impõem uma série de alterações adaptativas no organismo da mulher. Sempre com o intuito de se promover o equilíbrio entre ambos e um bom e adequado desfecho do ciclo grávido-puerperal.

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