Embora a qualidade do óvulo seja mais importante, é preciso investigar também a qualidade do sêmen quando um casal não consegue engravidar. Um dos problemas que podem ocorrer está ligado ao HPV. Por ser transmitido sexualmente, os homens podem ser portadores do vírus, não apresentarem sintomas e isso interferir na fertilidade.
Estudo realizado por pesquisadores italianos resultaram na seguinte conclusão: a presença do vírus HPV atrapalha a mobilidade dos espermatozoides e a viabilidade dos embriões, mesmo quando estas células conseguem alcançar e fecundar o óvulo. Segundo o cientista Carlos Floresta, da Universidade de Pádua, que liderou os estudos, é possível que muitos casos de infertilidade masculina sem explicação aparente possam estar ligados ao Papilomavírus Humano.
O HPV está ligado tanto a espermatozoides com dificuldades de “nadar”, apresentando maior dificuldade em fecundar os óvulos, quanto a uma maior taxa de mortalidade das células masculinas. Mesmo após a fecundação, embriões gerados por pais com HPV no fluido seminal apresentaram maior taxa de perda, 66% dos casos, contra apenas 15% entre aqueles sem o vírus.
“Bagunça viral”
Embora os pesquisadores não saibam explicar com certeza porque os homens com HPV desenvolvem a astenozoospermia (síndrome do espermatozoide preguiçoso), uma possibilidade seria em razão da “bagunça” provocada pelo vírus ao integrar o seu DNA ao genoma das células humanas, da mesma forma que acontece quando provoca câncer.
Há indícios, também, de que, mesmo quando a fecundação é bem-sucedida, o DNA viral acabe atrapalhando uma série de processos fundamentais para o início da gestação, como a fixação do embrião e o desenvolvimento dos tecidos invasivos que ele usa para obter recursos do organismo da mãe.