Os xenobióticos são compostos químicos estranhos a um organismo ou a um sistema biológico. Ou seja, uma substância sem valor nutricional (que não é naturalmente produzida) que, quando encontrada no organismo, é denominada de xenobiótica. Essa substância pode ter origem química industrial ou natural (um exemplo é o veneno de cobra).

Mas a maior preocupação é com a diversidade de produtos químicos, que são desenvolvidos dia a dia de modo artificial pelo homem. Isso porque já se sabe que muitas dessas substâncias xenobióticas acumulam-se ainda no ambiente intrauterino e algumas permanecem no organismo por mais de 30 anos. Logo, fatores como composição, concentração e frequência irão determinar o tipo e o grau de intoxicação de determinada substância no homem.

Em relação à infertilidade, os xenoestrógenos são, dentre os xenobióticos, os que merecem atenção. Também chamados de “hormônios ambientais”, essas substâncias constituem como o grupo de poluentes com maior risco ambiental, pois ameaçam o sistema hormonal, podendo afetar a reprodutividade e causar malformações e alterações comportamentais.

Ainda que alguns dos xenoestrógenos possuam origem natural, há diferenças estruturais em relação aos estrogênios humanos. Os fitoestrógenos são um exemplo: são substâncias estrogênicas produzidas naturalmente pelas plantas, mas devem ser ingeridas com orientação médica pelos humanos. A soja é um alimento rico em fitoestrógenos, sendo aconselhável um consumo com cautela, já que há controvérsias sobre o uso em larga escala na alimentação.

Novamente, saliente-se a principal preocupação: os xenoestrógenos de origem industrial. Um exemplo é a pílula anticoncepcional, que deve ser usada apenas com orientação médica. Mas há muitos produtos industrializados que, quando ingeridos, inalados ou em contato com a pele, podem agir como os hormônios, desregulando funções endócrinas e contribuindo para a infertilidade.

Estudos sugerem que a queda do nível e da qualidade dos espermatozoides em homens pode ter relação à exposição aos xenoestrógenos ainda no útero materno. Isso significa que o meio ambiente intrauterino pode definir de forma decisiva a capacidade reprodutiva da criança que está sendo gerada. Um dos defeitos de nascimento mais comuns, hoje, é a hipospádia – o meato urinário fica localizado na fase ventral do pênis.

Os casos deste problema, que pode dificultar a reprodução, têm crescido nas últimas décadas. Como se tem ciência de que a hipospádia depende da carga de hormônios masculinos que a criança recebe dentro do útero materno, se imagina que os xenoestrógenos estão alterando o balanço entre os hormônios masculinos e femininos.

– Os xenoestrógenos mais comuns: 4-Metilbenziliden canfor (4-MBC) (loções de bloqueadores solares); Hidroxianisolbutilado / BHA (conservante alimentício); Atrazina (agrotóxico); Bisfenol A (monômero dos plásticos de policarbonato e resinas epóxi, presente em mamadeiras); DDT (agrotóxico); Diclorodifenildicloroetileno (um dos produtos resultantes da decomposição
do DDT); Dieldrín (agrotóxico); Endosulfano (agrotóxico); FD&C Red Nº 3 (corante alimentar); Etinilestradiol (pílula contraconceptiva oral); Heptaclor (agrotóxico); Lindano/hexaclorociclohexano (agrotóxico); Metaloestrógenos (metais tóxicos); Metoxiclor (agrotóxico); Bifenilospoliclorados/PCBs (lubrificantes, adesivos, pinturas); Parabenos (loções); Fenosulfotiazina (corante vermelho); Ftalatos (plásticos moles, tipo filmes); e DEHP (plastificante para PVC).