Em julho deste ano, Londres recebeu o 29° Congresso Europeu de Reprodução Humana e Embriologia (o ESHRE 2013) e, entre os principais temas debatidos no encontro, se destacou os aspectos metabólicos associados à diminuição da fertilidade em mulheres. No caso, três aspectos causam maiores consequências reprodutivas: a vitamina D, a obesidade/adiponectina e a resistência à insulina. Veja o que foi abordado sobre os três tópicos.
VITAMINA D. Como mostram recentes estudos, a vitamina D é um metabólito que pode afetar a produção hormonal ovariana. A vitamina pode diminuir a produção de andrógenos pelo ovário, resultando em uma maior qualidade ovulatória – especialmente em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Esta condição pode levar a um aumento significativo nas taxas de gravidez em pacientes com níveis adequados de vitamina D. Um estudo de 2010 indicou que quanto maior o nível de vitamina D no sangue, melhor é a taxa de implantação e gravidez clínica em pacientes submetidas à fertilização “in vitro”.
OBESIDADE/ADIPONECTINA. Diversos estudos já sugeriram que a obesidade pode significar piores óvulos e, assim, embriões de menor qualidade quando comparados com mulheres não obesas. Recentemente, uma análise genética dos óvulos de mulheres obesas comprovou que a meiose dos óvulos delas tem uma tendência à anormalidade, o que leva a um aumento na probabilidade de embriões geneticamente alterados. Fora isso, outros trabalhos analisaram a expressão gênica do endométrio de mulheres obesas e observaram que a expressão era diferente da expressão gênica vista em endométrios considerados receptivos. Diante destes resultados, é possível concluir que a obesidade tem relação com uma menor chance de gestação e uma maior chance de aborto em tratamentos de fertilização “in vitro”.
Quanto à adiponectina, se observou que esta proteína está menos presente em mulheres obesas. Em estudos recentes, a diminuição da adiponectina, não só em mulheres obesas, foi relacionada a um pior desenvolvimento ovulatório e embrionário em mulheres submetidas a tratamentos de fertilização “in vitro”. A partir disso, há quem considere o nível de adiponectina pode ser um fator prognóstico de um tratamento de fertilização “in vitro”.
RESISTÊNCIA À INSULINA. Este fator sempre este relacionado à síndrome dos ovários policísticos. Dentro deste entendimento, a resistência à insulina está ligada diretamente aos ciclos anovulatórios pelos seguintes mecanismos: aumento da produção periovariana androgênica e alteração do metabolismo hepático (o que resulta em uma alteração dos hormônios esteroides). Ultimamente, estudos têm também relacionado a hiperinsulinemia (resultante da resistência à insulina) às alterações oxiodativas nos óvulos – fator que diminui a qualidade deles. Ou seja, em pacientes com resistência à insulina diagnosticada, se tornou obrigatório o uso de agentes sensibilizadores à insulina, a fim de melhorar a qualidade dos óvulos e aumentar as chances de gravidez em tratamentos de fertilização “in vitro”.