Em 1984, Anna Paula Caldeira foi o primeiro bebê a nascer a partir de uma fertilização in vitro no Brasil e na América Latina. De lá para cá, os métodos de reprodução assistida viram sua efetividade (gestações bem-sucedidas com o nascimento de crianças saudáveis) mais que dobrar. Já para as mulheres que decidem pela maternidade tardia (após 40 anos de idade), os avanços nas técnicas de fertilização in vitro são mais recentes. Exemplo: análises genéticas detalhadas dos embriões que asseguram uma maior viabilidade dos embriões que são implantados.

De acordo com dados da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (Rede Lara), da Autoridade para Fertilização Humana e Embriologia do Reino Unido (HFEA, na sigla em inglês) e da Sociedade para Tecnologias de Reprodução Assistida dos EUA (Sart, também na sigla em inglês), um grande e abrupto declínio nas chances de sucesso dos procedimentos começa a partir dos 38 anos. Para contrariar os dados e aumentar as chances de sucesso dos procedimentos, os avanços foram expressivos nas últimas décadas.

No início dos anos 1990, mesmo mulheres mais jovens, com menos de 35 anos, apenas cerca de 20% dos ciclos de tratamento resultavam no nascimento de uma criança. Hoje, esta taxa alcança 45% ou mais. Entre as mães tardias, as chances de sucesso que, anteriormente, ficavam abaixo de 1%, agora chegam perto de 5%.

“Loucuras” no passado
No caso de Anna Paula Caldeira, os médicos envolvidos nos procedimentos tiveram que realizar de 50 a 60 ciclos até o tratamento ser bem-sucedido. Algo que, hoje, pode ser taxado como loucura. Mas existiram outras “loucuras”: a transferência de muitos embriões para o útero das futuras mães. Sem o devido conhecimento sobre a viabilidade de cada embrião, os médicos transferiam muitos embriões para aumentar as chances de que pelo menos um embrião “vingasse”. No entanto, por vezes, o resultado era uma gestação múltipla (gêmeos, trigêmeos e até quadrigêmeos) que oferecia mais riscos às mães e aos bebês, e aumentava a probabilidade de abortos espontâneos.

Hoje, a tendência é implantar o mínimo de embriões possível, dependendo da idade da mulher. Para mulheres mais jovens, apenas um embrião é transferido. Para mães tardias, este número pode chegar a três. Dessa forma, aumentaram-se as taxas de gravidez e diminuíram-se os casos de gestações múltiplas, melhorando as chances das mulheres mais velhas que fazem o tratamento. Para as mulheres mais velhas, o diagnóstico pré-implantacional evita a transferência de embriões com problemas. Além disso, se o embrião se mostrar normal, a taxa de gravidez não dependerá da idade da mulher e passará a ser igual à de mulheres mais jovens.

Maternidade tardia
Embora os avanços nos métodos de fertilização in vitro tenham possibilitado casos de sucesso em que a mulher acima dos 40 anos teve uma gestação bem-sucedida, especialistas alertam que as mulheres não devem considerar a maternidade tardia, pois há uma queda vertiginosa na qualidade dos óvulos e dos embriões deles gerados a partir dos 30 anos de vida da mulher.

Para evitar uma frustração, as mulheres devem se planejar com antecedência. Por volta dos 30 anos, o congelamento dos óvulos para uso posterior é uma alternativa – não há praticamente nenhuma diferença nas chances de sucesso das técnicas, seja usando um óvulo congelado ou um “fresco”.

Fonte: O Globo