Especialistas esclarecem as dúvidas mais comuns sobre o procedimento

Veja se você se identifica com alguma dessas histórias: na primeira, a mulher de 25 anos, no auge da sua idade reprodutiva acabou de casar e quer realizar logo o sonho da maternidade. No segundo caso, a mulher tem 30 anos, é independente e tem planos inadiáveis sobre a vida e a carreira e a maternidade pra ela precisa ficar pra depois. Por último temos uma terceira mulher, acima dos 35 anos, e que está querendo engravidar mas não consegue por meios naturais. São 3 perfis diferentes, mas todos, em algum momento da vida, se unem pelo mesmo desejo de ser mãe.

As 3 mulheres, por motivos diferentes, podem ser potenciais pacientes de Reprodução. A tentante mais jovem tem mais chances de uma gravidez natural, mas um ano de tentativas frustradas pode indicar algum problema de fertilidade do casal e é preciso investigar se há um problema e como agir. A mulher de 30 anos pode ter a indicação de congelar os óvulos ainda saudáveis para optar pela gravidez um pouco mais adiante. E a de 35 anos ou mais, não tem tempo a perder e tem pressa da maternidade.

Infertilidade Cerca de 90% dos casais conseguem engravidar por meio natural, num período de 12 meses, se estiver dentro da idade reprodutiva. Já os casais que estão nessa faixa etária, que tem relações sexuais desprotegidas com o intuito de gerar uma gravidez e não obtêm sucesso, podem ser considerados inférteis e precisam procurar um especialista para saber o porquê de não estarem conseguindo engravidar. Atualmente a Organização Mundial da Saúde considera a dificuldade de engravidar como uma “doença” do sistema reprodutivo.

Principais causas da infertilidade

A infertilidade pode ocorrer tanto no homem quanto na mulher, nas mesmas proporções. Os fatores masculinos estão ligados a doenças genéticas ou não que diminuem a produção de esperma. Já os fatores femininos se relacionam com patologias tubárias e pélvicas, ou seja, problemas relacionados às trompas e aderências causadas por inflamações anteriores. Alterações ovulatórias respondem por 15% dos casos, enquanto 10 a 15% são considerados casos sem uma causa aparente.

Fertilização in Vitro

Essa técnica de reprodução humana corresponde ao processo onde a paciente é submetida a uma hiperestimulação controlada que produz uma resposta ovariana onde há o crescimento de múltiplos folículos. Esses são puncionados por via transvaginal, guiada por ultrassonografia, para a obtenção dos óvulos, que após sua captação e retirada dos folículos ovarianos, são preparados para a realização de dois possíveis procedimentos: a FIV clássica, quando os óvulos são colocados em cultura para serem fecundados pelos espermatozoides, ou a FIV do tipo ICSI, isto é, a injeção intracitoplasmática de um espermatozoide capacitado (escolhido) em cada óvulo maduro aspirado. Independente da técnica utilizada, após a fecundação e desenvolvimento inicial dos embriões, um determinado número deles é transferido para a paciente através de um cateter, introduzido pelo colo uterino, guiado pela ultrassonografia, para definir um melhor local de colocação dos embriões dentro útero. É preciso esperar por 12-15 dias para saber se a paciente engravidou. O número de embriões transferidos é definido de modo individualizado, levando-se em consideração a idade da paciente e aspectos específicos do embrião.

8 dúvidas sobre a Reprodução Assistida

1- “Vou fazer uma Fertilização in vitro, vou engravidar na minha 1ª tentativa?”

De certa maneira, as chances de sucesso do procedimento giram em torno de 30% por tentativa. Além disso, existem diversos fatores que influenciam essas taxas de gravidez, como por exemplo: a idade da paciente, a causa da infertilidade, o tipo de protocolo utilizado para a FIV, entre outros. No entanto, antes de podermos estimar as chances de uma fertilização in vitro bem sucedida, precisamos considerar todos esses fatores.

2-“É possível fazer uma fertilização in vitro quando um dos membros do casal é portador do vírus HIV?”

Conseguimos evitar o contágio do homem quando a mulher é portadora do vírus e minimizar o contágio da mulher quando o homem é soropositivo. Quando utilizamos gametas (óvulos e espermatozoides) de um portador do vírus eles são preparados de modo especial, diminuindo também as chances de transmissão do vírus para o embrião durante a sua formação e desenvolvimento no laboratório.

3- “O que é Indução de ovulação?

É um tratamento cujo objetivo é o crescimento de vários pequenos folículos que, em condições normais e fisiológicas, não ocorreria. A capacidade de induzir ovulações em pacientes anovulatórias foi um dos primeiros e mais importantes passos da medicina reprodutiva. Atualmente existe uma série de agentes capazes de exercer esta função, além do amadurecimento dos óvulos. Seu uso é muito difundido graças a segurança e menores chances de complicações.

4- “Como é feita a Coleta dos óvulos?”

É feita por uma ultrassonografia transvaginal, com uma agulha especial, que ao penetrar os folículos nos ovários os esvazia através de pressão negativa de uma bomba especial à vácuo. Todo o procedimento é realizado com a paciente sob sedação, monitorada e acompanhada por um anestesista durante toda a coleta. O líquido aspirado de cada folículo é então avaliado por um embriologista que separa os óvulos que encontra para posterior fertilização. Habitualmente a coleta dos óvulos dura cerca de 20 minutos.

5-“Todos os óvulos colhidos durante o procedimento são aproveitados?”

O ideal é encontrarmos os óvulos “maduros”, biologicamente na segunda etapa da divisão meiótica, pela qual todo ovócito pode ser fertilizado por um espermatozoide. Entretanto, apenas os maiores folículos são os que habitualmente contêm os óvulos chamados em Metáfase 2 (M2). Quanto menor o folículo, maior a sua chance de apresentar um óvulo imaturo, que não poderá ser aproveitado para a fertilização. Outro fator que determina a maturidade folicular é o uso correto da medicação para desencadear a ovulação. Quando a coleta dos óvulos é feita antes do tempo mínimo, após a aplicação dessa medicação, aumentase a chance de obter um ovócito imaturo

6-“O congelamento de óvulos pode ser feito em pacientes que irão tratar o Câncer?”

Na literatura já existem diversas gestações oriundas de fertilização de óvulos que haviam sido congelados. Essa técnica é a principal a ser considerada em pacientes que porventura tenham que se submeter a tratamentos que possam causar infertilidade como, por exemplo, quimioterapia ou radioterapia, principalmente, aquelas mulheres que não tenham parceiro ainda. Dessa forma, aconselhamos todas essas pacientes que procurem um especialista em reprodução antes de iniciar algum desses tratamentos mais agressivos ao futuro reprodutivo dela.

7-“No caso de doenças genéticas na família, é possível, pesquisar se os embriões apresentam o mesmo problema?”

Quando estamos diante de um casal com uma doença conhecida na família podemos buscar através da tecnologia genética, detectar os embriões que poderiam não ser transferidos, para não perpetuar um sofrimento muitas vezes inaceitável dentro daquela família (PGD). Outras vezes busca-se apenas afastar as alterações cromossômicas, chamadas aneuploidias (PGT), que são causas mais frequentes de abortamentos espontâneos ou até significam algumas doenças ( síndromes) que um casal deseja evitar. Esta testagem genética pode ser realizada através da biópsia dos embriões antes da transferência, seguida da análise do material genético obtido. O PGD/PGT corresponde a um avanço indiscutível, pois permite a pesquisa de alterações genéticas no embrião. Entretanto, essa técnica ainda apresenta algumas limitações importantes que devem ser ressaltadas: a quantidade de material genético obtida do embrião pode não ser suficiente para a análise, um exame normal não exclui completamente a possibilidade de um embrião ser portador de uma alteração genética, a biópsia embrionária pode levar a parada do desenvolvimento daquele embrião. Cada caso deve ser avaliado criteriosamente pelo médico e seus pacientes, entendendo os benefícios e limitações de modo que seu benefício supere seu custo.

8 – “É possível escolher o sexo do bebê?”

Os únicos casos nos quais podemos escolher o sexo do embrião a ser transferido é no caso de doenças genéticas ligadas aos cromossomos sexuais. Nessa situação, visando evitar a transmissão de uma condição patológica, fica permitido a escolha do sexo do embrião.