Especialistas em Reprodução Humana alertam que as medidas de prevenção não devem se restringir a um único mês  

O câncer de próstata é o tipo mais comum entre os homens depois dos tumores de pele não-melanomas. É considerado um câncer da 3ª. Idade, já que 75% dos casos ocorrem após os 65 anos. Assim como o câncer de mama, as chances de cura são significativas quando a doença é descoberta com um diagnóstico precoce e um dos principais desafios para que isso aconteça ainda está na conscientização sobre a importância do exame de próstata, que inclui além de coleta de sangue para o PSA, Antígeno Prostático Específico e o toque retal, a partir dos 40 anos de idade.  

Tratamento precoce aumenta as chances de cura 

Uma pesquisa realizada recentemente pela Sociedade Brasileira de Oncologia mostrou que no Brasil, quase 40% (39%) dos homens não fazem nenhum exame preventivo e na maioria dos casos a descoberta da doença se dá numa fase avançada da doença justamente por isso.  

Vale lembrar que a próstata está localizada perto da bexiga, portanto, este não é um local onde os nódulos possam ser identificados com facilidade, muitas vezes não existem sintomas aparentes. Mesmo assim alguns sinais de alerta podem ser observados, como por exemplo, dificuldade para urinar, mudança no jato de urina e frequência urinária.  

Uma das principais consequências que afeta a vida de muitos homens, mesmo depois que a doença é tratada e o processo de remissão do câncer se completa está no comprometimento da fertilidade. “Por isso é tão importante que a equipe oncológica esteja alinhada com especialistas da Medicina Reprodutiva para que o paciente tenha chances de cuidar da saúde sem perder de vista a perspectiva futura da paternidade”, ressalta Dr. Roberto Antunes, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.  

A relação do câncer de próstata e infertilidade se dá pela própria doença ou em razão do tratamento dela. “A próstata exerce um importante papel no sistema reprodutor masculino, é essa glândula do tamanho aproximado de uma noz, que pesa cerca de 20 gramas em homens adultos, a responsável pela produção do fluido prostático, um dos componentes do sêmen”, salienta a Dra. Maria do Carmo, especialista no assunto e presidente da RedLara, a Rede Latino-americana de Reprodução Assistida.  

O fluido prostático tem a função de proteger e nutrir os espermatozoides, por ser rico em zinco, sais minerais e enzimas. Cerca de um terço do volume do sêmen é formado por ele. “Como o pH da vagina é ácido, portanto, atua como um sistema de defesa contra microrganismos causadores de infecções, para neutralizar essa ação de acidez da vagina contra os gametas masculinos, o líquido produzido pela próstata é  

alcalino, ou seja, conseguem finalizar o percurso sem morrer pelo caminho”, explica também Dr. Marcelo Marinho, especialista em Reprodução Humana.  

Por que a próstata é importante para a fertilidade masculina?  

O antígeno prostático específico, mais conhecido como PSA, que significa a proteína produzida pela próstata é o que possibilita o esperma ser mais líquido, o que facilita a mobilidade dos gametas para a fecundação. “As fibras musculares da próstata também colaboram para o processo de ejaculação, ela se contrai para excretar o sêmen, que segue pela uretra antes de ser expelido”, completa Dr. Roberto Antunes.  

A presença de um tumor pode alterar completamente essa funcionalidade, assim como medicamentos específicos para o tratamento do câncer de próstata também interferem no organismo e são capazes de impedir que um homem consiga ter filhos.  

“Por isso é de fundamental importância uma conversa esclarecedora antes do início do tratamento. Saber disso depois de um processo doloroso, principalmente do ponto de vista emocional, pode impedir a chance de uma gravidez”, comenta Dra. Maria do Carmo.  

Congelamento de sêmen é alternativa para preservar fertilidade 

É importante conhecer as complicações do câncer de próstata e uma delas é a infertilidade. “Não são todos os casos de câncer de próstata que resultam na infertilidade e nem todas as medicações quimioterápicas ou radioterapias que prejudicam a fertilidade masculina, mas vale lembrar nesta época que esse risco deve ser alertado ao paciente”, destaca Dr. Marcelo Marinho.  

O congelamento de sêmen, processo rápido e simples, cuja coleta pode ser feita inclusive em ambiente doméstico seguindo as devidas orientações das clínicas especializadas é um meio de garantir a fertilidade do homem mesmo após a doença. Após alguns exames sorológicos necessários, os espermatozoides são congelados em tanques que permanecem com temperaturas baixíssimas e oferecem a garantia de um procedimento futuro, caso a paternidade esteja ameaçada pela doença.  

“Poder olhar para o futuro com a esperança de que um sonho como este, de ser pai, não seja privado por causa de uma condição de saúde é sem dúvida parte do tratamento, já que conserva no paciente a chance de sonhar com um dos projetos mais importantes para o ser humano, formar uma família”, finaliza Dra. Maria do Carmo. 

Posts relacionados: